2013/05/28

0

Skandar pondera o conflito sírio

Publicado em , , , ,
Skandar trata falar dos conflitos na Síria.
Nesta semana Skandar finalmente resolveu falar sobre como convive sabendo que estuda em meio a um conflito na Síria, que até hoje continua causando sofrimento humano e destruições imensuráveis. 

Dados compilados pelo Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos (ACNUDH) indicam que quase 80 mil pessoas foram mortas desde março de 2011, quando começou o levante contra o presidente Bashar al-Assad, que chegou à presidência no ano 2000, após o falecimento do seu pai, Hafez al-Assad, prometendo uma série de reformas que nunca foram realizadas. Atualmente o país é governado por uma espécie de cartel formado por governistas e empresários

Algumas reformas políticas foram realizadas nos últimos anos, mas não foram suficientes para impedir as manifestações da população civil que começaram na cidade de Deraa, ao sul, e que se espalharam por todo o país. A violência aumentou muito a partir de então. Ações contra os manifestantes não são intensas, porém, bombardeios contra os focos de resistências rebelde ainda são constantes.

Semana 5
— Colunista Skandar Keynes / 26 de maio de 2013.
Na Inglaterra, eu sou geralmente perdoado por pessoas equivocadas e ignorantes do Líbano e seus problemas. Seria esperar demais que todos saibam tudo sobre um pequeno país costeiro no Mediterrâneo oriental. Quando tentam me fazer perguntas, eu tento deixar as pessoas à vontade, pois elas ficam com medo de parecer ignorantes.

Eu sustento que a única pergunta estúpida que já me fizeram, foi a de um estudante da PPS, que perguntou, com total seriedade, por que eu estava estudando uma língua morta como o árabe. Se você embora não saiba o que está acontecendo na Síria, saia do TAB e procure saber.

Há dois anos, o Líbano tem estado ao lado de um conflito contínuo e sangrento, para o desconforto de muitos libaneses e parentes aflitos com o ano dos estudantes no exterior.

A vida aqui é bizarra de muitas maneiras: como ouvir uma discussão travada na sala ao lado, e o som do bombardeio sobre a fronteira é inquietante. Damasco está a apenas 15 milhas da fronteira, enquanto Beirute está a 35.

Economicamente, os tempos são difíceis. O turismo é uma grande indústria no Líbano — uma grande indústria que secou. — Muitos jornalistas estão fazendo a cobertura da Síria no Líbano. Encerrando com "direto de Beirute" no final de cada reportagem sobre o massacre mais recente, isso não é uma situação ideal para o ministro do Turismo.

Mas não são apenas homens brancos nervosos que estão sendo retirados. Enquanto se mantém culturalmente acessível, Beirute como uma cidade mais cosmopolita do que muitas outras das contrapartes no Oriente Médio, esteve no topo dos destinos turísticos para muitos árabes ricos ansiosos para fugir do calor conservativo e sufocante da Arábia Saudita ou do Golfo. Eles também estão ficando bem distantes do Líbano, mantendo seu dinheiro com eles.

Se ao pensar que não ter Cindies (objetos de prazeres sexuais) para você passar uma noite de quarta-feira é demais para suportar, Beirute tem sido, pelos alunos, apontada para o ano no exterior como a melhor alternativa no Oriente Médio. Enquanto o cenário de festejo não estiver morto, os estrangeiros ficarão notavelmente mais finos no chão - e às vezes posso me sentir um pouco como calouro na vida nas profundezas desse período do exame.

Ser um salmão nadando contra a corrente tem seus prós e contras. Sem muitos compradores, é relativamente fácil encontrar o ensino da língua em boas taxas. Por outro lado, em outubro um carro-bomba ameaçou atrapalhar meus planos do ano no exterior, quando a faculdade me enviou um e-mail alarmista, simplesmente intitulado "Você precisa ir embora!"

Apesar de eu ter falado sobre a relativa segurança do Líbano, a crise na Síria foi mais um motivo angustiante para se preocupar. Passe um tempo suficientemente preso em um engarrafamento e logo você vai perceber que o número de placas de carro sírios estão ficando cada vez mais frequentes nas estradas do Líbano. Embora haja a falta de turistas, as ruas de Beirute não têm falta daqueles libaneses que pedem esmola.

O medo que rodeia os sírios chega perseguido pela guerra e pela sede de trégua, que se infiltrou na mente de muitos. Parentes são enviados em estado de pânico. Sem um carro, o ciclo no tráfico faz-se muito perigoso, fui instruído a não pegar qualquer transporte público da rua. Fazer minha viagem diária para a cidade é agora algo semelhante a viver em Girton e só ter táxis pela região na volta...

A ideia de que há um terrível evento de fúria ao lado, destruindo a vida como era antes para milhões de pessoas, enquanto você está pensando em fazer um bom negócio em seu curso, faz tudo ser um pouco decepcionante.
— Por Skandar Keynes 
(matéria anterior / próxima matéria)

"O Skandar foi excelente ao tratar deste assunto com uma leveza surpreendente, embora ele ainda precisasse citar os fatos no qual ocasionaram o conflito na Síria. Não são comentários, e nem qualquer referência que faz do Skandar um colunista estrangeiro, são suas próprias experiências no Líbano que faz dele um completo narrador maluco, mas ao mesmo tempo corajoso. Keynes se transforma como um pai contando seus devaneios aprendizados a um filho, torna-se um diário, com farpas na língua para tratar dos mais diversos assuntos da cultura libanesa extraordinária
— Eduardo Lertmon

Leia a matéria original.
Fontes: ONU.org | PPS department | Brasil Escola
Imagens: Todos os direitos reservados a Skandar Keynes Brasil/Skandarlosos.

0 comentários: