2013/06/28

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Skandar finaliza de forma sarcástica

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Em última matéria como um correspondente estrangeiro, Skandar Keynes finaliza a sua coluna no jornal de forma muito sarcástica, e considerando sua imagem como um estrangeiro infeliz em meio aos libaneses.

Após oito semanas comentando sobre suas experiências no Líbano, o ator, mas agora também ex-colunista disse: "Prefiro ser conhecido como o 'idiota do vilarejo' do que 'Edmundo'". Com carreira ainda indefinida por causa da faculdade, Skandar ainda não manifestou se fará outros filmes após a graduação, que está prevista para a primavera britânica do ano que vem. Muitos fãs reclamam da ausência dele no cinema, porém em 2011 ele disse que paralisaria a carreira por conta dos estudos. Será que daqui há alguns anos ele pretende ser colunista? Só o tempo dirá!

Semana 8
Colunista Skandar Keynes / 23 de Junho de 2012

No Reino Unido, eu recebo diversas reações diferentes quando falo para as pessoas que estudo árabe e persa em Cambridge – que variam desde o respeito com aqueles que não percebem o quão pouca demanda existe para cursos de línguas não-europeias, ao abuso completo por fazer parte de um clube elitista de janotas (homens que se vestem bem) aristocráticas.

No início, as pessoas da minha pequena montanha e vilarejo libanês, fazem um grande esforço para pronunciar Cambridge, e, em seguida, é rapidamente esquecido. Em vez disso eles vêm para me conhecerem como o estranho, o estrangeiro quieto que, por alguma razão bizarra, entrou no meio deles, declarando que ele quer aprender árabe a partir deles.

Eu tenho ido ler livros com títulos abafados e fraseologia pretensiosa (estou olhando para você, Antropologia do Oriente Médio), escrevendo longos ensaios sinuosos sobre temas estupidamente obscuros e, em seguida, discutindo sobre eles com especialistas mundiais, e sendo o idiota do vilarejo.

Agora, eu silenciosamente ouço conversas, muitas vezes não entendo o que está acontecendo ao meu redor. Eu gaguejo as respostas desconexas no meu árabe quebrado, muitas vezes para questões que não foram ainda feitas. Eu aponto para objetos, perguntando como soletrar as palavras mais cotidianas para o meu pequeno vocabulário do livro vermelho.

O tamanho da minha estupidez é ainda um ponto recorrente da conversa. Alguns me defendem, apontando que o árabe é realmente uma língua difícil, e o fato de que eu sou capaz de sobreviver a tudo depois de apenas dois anos não é pouca coisa. Os menos compassivos - ou, talvez, aqueles que acham que eu entendo menos do que eles dizem com suas línguas desenfreadas – afirmam que com dois anos de estudo, eles poderiam obter resultado melhor do que essa posição pálida e silenciosa que eu estou diante deles.

Às vezes, eles testam a minha incapacidade, vendo o quanto eles podem me xingar em árabe antes de eu entender o que está acontecendo (saber o que “kis immak” significa é realmente útil aqui).

Mas, apesar de estar no fim da recepção de uma humildade saudável, eu não desanimo fácil. Na verdade, o meu pequeno livro vermelho é lento mas consegue dar conta de que eu estou ficando melhor no jogo, "ver quanto tempo podemos xingar o idiota antes que ele perceba”. No outro dia eu até consegui convencer um homem bastante paciente em árabe que a rainha não estava por trás de uma conspiração para matar a princesa Diana - ou então eu acho que fiz.

Eu também estou indo para desfrutar a blasfêmia. Os libaneses, ao que parece, tem uma imaginação particularmente florida e um gosto refinado quando se trata de maldição. Por exemplo, um inglês jamais poderia ter pensado: "Eu queria que chovesse paus para que eu pudesse pendurar a buceta de sua mãe para fora da janela."

E, depois de alguma reflexão, eu prefiro ser conhecido como o “idiota do vilarejo” do que “Edmundo”...

— Por Skandar Keynes
(Leia a matéria anterior / FIM)
         
                         "Seria errado se eu dissesse que odiei o que traduzi e odiei mais ainda as palavras que ele usou para descrever esse momento tão importante na vida dele. Eu, como fã, estou num processo de aprender mais sobre o meu ídolo e me pôr no lugar dele. Eu tinha um ponto de vista diferente do Skandar, antes de ler as matérias que ele escreveu pro TAB, imaginava ele como nos filmes, o que é meio bobo, mas é complicado de se fazer quando nos deparamos com um "fandom" que até alguns meses atrás, tinha poucas informações sobre seu ídolo. Adorei o jeito que ele conseguiu capturar as coisas na sua essência e falar o que pensa sem medo do efeito que isso vai ter nas pessoas (pelo menos é o que parece). Ao ler o texto pela primeira vez, fiquei chateada sim com o que fazem com ele, mas percebi que é normal. Não adianta xingar os libaneses, porque acontece com todos. Ele está no meio de uma nova cultura, deveria estar preparado, ao meu ver. Mas devo confessar, que fiquei chateada sim com a relação que ele fez ao papel de Edmundo. Eu sinto falta de um Skandar mais ingênuo, mas estou amando um Skandar mais maduro."


—  Carol Rosiak.

                         "De alguma maneira, ainda é difícil entender por qual razão o Skandar prefere ser conhecido como o idiota entre todos os outros do vilarejo, do que como o personagem Edmundo. Mas no fim das contas, ele nunca desviou o foco principal das suas matérias, que é especificamente, retratar a forma de vida dos habitantes do Líbano. Embora tenha finalizado sua coluna de uma forma que ninguém poderia esperar. Skandar mostrou como não ir da ponta do iceberg direto ao fundo para se afogar, mostrou como ir do fundo do iceberg rumo à ponta  para se salvar. Sarcástico, e 'amadurecido', transmitiu a vivência dos libaneses como todo correspondente estrangeiro deveria transparecer.
— Eduardo Lertmon.

Fonte: The Tab Cambridge
Tradução: Carol Rosiak. Adaptação: Eduardo Lertmon.
Imagem: Sir Cam © University of Cambridge. All rights reserved. Edit: Skandar Keynes Brasil.

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