As Crônicas de Charn [Cap.III]
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— A Soberana. [Capítulo III]
Já era tarde; o Sol de Charn retirava-se, humildemente, para a entrada da noite. Uma brisa suave cercava os dois, obrigando Eli desembaraçar seus longos cabelos negros a cada minuto. Intervendo o profundo silêncio, Rashid prosseguiu:
— Como eu estava dizendo... Jadis demonstrou-se um passo a frente da irmã... A associação política de Charn possuía três grandes líderes que, na frequente ausência de Sidjah, organizavam os interesses econômicos e princípios para a batalha da devastação.O mais novo, Hakght, deixou-se à luxúria; este contratava mulheres que leiloavam prazer e a própria palpitação. Lapght, de meia idade, realizava seus sonhos através dos maiores banquetes; esse, extremamente gordo e preguiçoso, exigia alimentação em abundância e sem repartição. Havia também o mais vaidoso: Wenght, que negociava sentimentos por melhor aspecto físico.
Notando a escuridão e com os lábios roxos, o órfão sugeriu locomover-se e passar a noite para mais adentro da floresta. Fizeram-no. No momento em que ambos discutiam a possibilidade de atear uma fogueira, sentados abaixo de um pinheiro ancestral e aborrecidos pelas inúmeras mariposas que circundavam o local, Rashid retomou:
— Você deve estar se perguntando qual a relação entre os importantes governantes, Jadis e o vilarejo, não? Pois bem, a maléfica irmã agiu: com ajuda de agentes da D.O.P.S, a imperatriz invadiu a tal vila em que encontramos, local que servia de esconderijo, já que as relações comerciais devem ser feitas em sigilo, e determinou a mais cruel das mortes para os três líderes. E assim fora. Hakght foi “convidado”, por meio de fortes ameaças, a ter uma relação sexual com a mais imunda e doente das porcas: morreu doentio alguns dias depois. Lamento o sofrimento que Lapght presenciou. O mais gordo dos três foi duramente espancado e esfaqueado enquanto comia alimentos estragados recheados de farelo de vidro; acho que não preciso dizer que ele, sem sombra de dúvida, foi o que cumprimentou a morte de forma mais rápida. Por último, mas não menos dolorida, a morte de Wenght, o mais vaidoso dos líderes. O tal fora posto a frente de um espelho, no qual era empurrada a cabeça até seus olhos e testa sangrarem e se deformarem; faleceu.
Medonhamente, o magricelo Eli imaginou os três assassinatos. Agora, temendo o poder de Jadis, confuso e com muitas dúvidas, o garoto sondou:
— Sinto pena e, talvez, um outro sentimento pelos tais homens. Mas, afinal, os outros habitantes desta silenciosa vila, também foram extintos, correto?
— Jadis armou mais uma de suas magníficas ciladas, porém, a pregada nesta aldeia possuía doses de ódio e traição. Observado com atenção, o plano era simples, mas eficaz. A começar pelo horário escolhido, uma madrugada de segunda-feira, momento em que as crianças descansam para no dia seguinte estudar, os adultos para trabalhar e os líderes a negociar. Assim, as ordens eram claras: matar friamente todos aqueles que, sequer, abrirem a boca.
“Intrometidos”, refletiu Eli. Não pense que o jovem ignorava a insegurança gerada por trocar informações com um indivíduo desconhecido. Convicto do receio e esfregando as mãos, na tentativa de aquecer-se minimamente, indagou:
— Entendi... Mas o que aconteceu com o senhor naquela noite?... Por acaso fugira? Ou você... Você morreu? – entrementes, o órfão notou um aspecto de estranheza e incerteza do velho, que passou a fitá-lo sem intervalos.
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NOTA: A história tem como base a crônica "The Magician's Nephew" do escritor C.S.Lewis; nesta, o mundo Charn é citado.
Idealizado por Rodrigo Carvalho;Escrito por Luis Henrique;
Enfim todos poderão ter "As Crônicas de Charn: Apocalipse" em mãos. Próximo ao término das postagens de capítulos aqui, no Skandar Keynes BR, será publicado o livro desta renomada história. Aguardem novidades.
Todos os direitos reservados: Luis Henrique e Rodrigo Carvalho.
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